quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Junqueira Freire


Morte(Hora de delírio)


"Pensamento gentil de paz eterna,Amiga morte, vem. Tu és o termoDe dou fantasmas que a existência formam,- Dessa alma vã e desse corpo enfermo.


Pensamento gentil de paz eterna,Amiga morte, vem. Tu és o nada,Tu és a ausência das noções da vida.Do prazer que nos custa a dor passada.


Pensamento gentil de paz eterna,Amiga morte, vem. Tu és o nada,Tu és a ausência das noções da vida.Do prazer que nos custa a dor passada.


Nunca temi sua destra,Não sou o vulgo profano:Nunca pensei que teu braçoBrande um punhal sobr' humano.


Nunca julguei-te em meus sonhosUm esqueleto mirrado:Nunca dei-te, p' ra voares,Terrível ginete alado.


Nunca te dei uma foiceDura, fina e recurvada;Nunca chamei-te inimiga,Ímpia, cruel, ou culpada.


Amei-te sempre: - e pertencer-te queroPara sempre também, amiga morte.Quero o chão, quero a terra, - esse elementoQue não se sente dos vaivens da sorte.


Para tua hecatombe de um segundoNão falta alguém? - Preenche-a comigo.Leva-me à região da paz horrenda,Leva-me ao nada, leva-me contigo.


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