sábado, 19 de janeiro de 2008

Lord Byron

O Oceano





Rola, Oceano profundo e azul sombrio, rola!Caminham dez mil frotas sobre ti, em vão;de ruínas o homem marca a terra, mas se evolana praia o seu domínio. Na úmida extensãosó tu causas naufrágios; não, da destruiçãofeita pelo homem sombra alguma se mantém,exceto se, gota de chuva, ele tambémse afunda a borbulhar com seu gemido,sem féretro, sem túmulo, desconhecido.

Do passo do há traços em teus caminhos,nem são presa teus campos. Ergues-te e o sacodesde ti; desprezas os poderes tão mesquinhosque usa para assolar a terra, já que podesde teu seio atirá-lo aos céus; assim o lançastremendo uivando em teus borrifos escarninhosrumo a seus deuses - nos quais firma as esperançasde achar um portou angra próxima, talvez - e o devolves á terra: - jaza aí, de vez.

Os armamentos que fulminam as muralhasdas cidades de pedra - e tremem as naçõesante eles, como os reis em suas capitais - ,os leviatãs de roble, cujas proporçõeslevam o seu criador de barro a se apontarcomo Senhor do Oceano e árbitro das batalhas,fundem-se todos nessas ondas tão fataispara a orgulhosa Armada ou para Trafalgar.

Tuas bordas são reinos, mas o tempo os traga:Grécia, Roma, Catargo, Assíria, onde é que estão?Quando outrora eram livres tu as devastavas,e tiranos copiaram-te, a partir de então;manda o estrangeiro em praias rudes ou escravas;reinos secaram-se em desertos, nesse espaço,mas tu não mudas, salvo no florear da vaga;em tua fronte azul o tempo não põe traço;como és agora, viu-te a aurora da criação

Tu, espelho glorioso, onde no temporalreflete sua imagem Deus onipotente;calmo ou convulso, quando há brisa ou vendaval,quer a gelar o polo, quer em cima ardentea ondear sombrio, - tu és sublime e sem final,cópia da eternidade, trono do Invisível;os monstros dos abismos nascem do teu lodo;insondável, sozinho avanças, és terrível.

Amei-te, Oceano! Em meus folguedos juvenisir levado em teu peito, como tua espuma,era um prazer; desde meus tempos infantisdivertir-me com as ondas dava-me alegria;quando, porém, ao refrescar-se o mar, algumade tuas vagas de causar pavor se erguia,sendo eu teu filho esse pavor me seduziae era agradável: nessas ondas eu confiavae, como agora, a tua juba eu alisava.

Um comentário:

Julien De Lucca disse...

Modo de pensar incompatível? Paixão por literatura que ninguém lê? Acredita que não existem mais pessoas inteligentes no mundo? Welcome to my world.